MonkeyPox – sem pânico, mas com cuidado

MonkeyPox – sem pânico, mas com cuidado

Já foram confirmados no Brasil vários casos de Monkeypox (Varíola dos Macacos), em sua maioria em São Paulo, no Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Por mais que não seja uma doença com alta letalidade, existe uma preocupação por conta da alta dos casos.

Um dos principais sintomas é um quadro de “bolhas” que afetam os pacientes infectados e podem se manifestar em qualquer parte do corpo, incluindo rosto, palmas e plantas e órgãos genitais.

Chamadas de vesículas, são parte dos sinais característicos da doença. Nelas, existe um líquido com grande quantidade de vírus, que contamina por contato.

Após alguns dias, evoluem para um conteúdo purulento  (com pus). Depois disso, viram uma espécie de crostas, que desaparecem após três ou quatro semanas, podendo deixar cicatrizes na pele.

Além das lesões na pele, a febre está entre os principais sintomas, que também podem incluir calafrios, dor no corpo e dor de cabeça, fraqueza e inchaço em pequenas glândulas (íngua), especialmente em regiões perto do pescoço.

O tempo de incubação varia de 6 a 16 dias, podendo se estender até 21 dias.

Grupos de atenção incluem imunossuprimidos, gestantes e crianças.

Incidência

Dados indicam que é muito mais frequente no sexo masculino (mais de 90% dos casos).

No Brasil, quase metade dos casos estão entre homens que declararam ter relação sexual com outros homens. Quanto ao possível local de contato, 87,6% são referentes a contato íntimo com desconhecido.

Mas vale ressaltar que, a infecção pode acometer qualquer pessoa, independentemente de orientação ou prática sexual.

Afinal, o que é a doença?

Trata-se de uma condição viral, diagnosticada e identificada pela primeira vez no século passado, na década de 60. Pertence ao gênero Orthopoxvirus, família Poxviridae, mesma família do vírus causador da varíola.

Por ter sido identificada primeiro nos macacos, ficou conhecida no mundo científico como “varíola dos macacos”. Mas os macacos são vítimas, como nós, humanos.

O primeiro caso em humanos ocorreu em 1970, no Congo. Daí, possuía caráter endêmico em alguns países da África Central e da África Ocidental. Vivemos, atualmente, o primeiro grande surto em países não endêmicos.

Como é transmitida?

A transmissão entre humanos ocorre, principalmente, por meio de contato com lesões de pele ou mucosa de pessoas infectadas, incluindo relação sexual, secreções respiratórias ou objetos contaminados.

Diagnóstico

Em caso de suspeita, dirija-se até uma unidade de saúde e com os devidos cuidados, que incluem o uso de máscara e frequente higienização das mãos. Evite contato com outras pessoas e cubra as lesões (manga e calça comprida).

Após avaliação médica, verificação dos sintomas e lesões, pode-se ser realizado o exame RT-PCR, através de uma amostra da secreção da ferida ou da crosta da ferida.

Confirmado o diagnóstico, a pessoa deve ficar em isolamento até o desaparecimento completo das lesões (2 a 3 semanas ou até 21 dias).

Não custa lembrar: não compartilhe objetos e material de uso pessoal, tais como toalhas de banho e/ou rosto, roupa de cama, roupas, talheres, copos etc.

Após o desaparecimento das crostas/lesões formadas na pele, a pessoa deixa de transmitir o vírus.

Diagnóstico diferencial

Pode ser necessária a investigação clínica e/ou laboratorial para descartar doenças que se enquadram como diagnóstico diferencial, como a varicela zoster, herpes zóster, herpes simples, infecções bacterianas da pele, infecção gonocócica disseminada, sífilis primária ou secundária, granuloma inguinal, molusco contagioso ou quaisquer outras causas de erupção cutânea.

Tratamento

De forma geral, tratamos os sintomas que o paciente apresenta. Como o tipo de dor e se há febre com antitérmicos. Para as lesões na pele, é utilizado também apenas cuidados locais como compressas ou curativos específicos em casos selecionados.

No caso de medicação antiviral, em quadros graves pode ser indicado o uso do Tecovirimat, já disponível no Brasil. 

Vacinação

O Brasil está importando a vacina produzida na Alemanha e Dinamarca, da empresa Bavarian Nordic, chamada de Jynneos (EUA) ou Imvanex (EMA) ou ainda Imvamune.

A vacina é aprovada na União Europeia desde 2013 para a prevenção da varíola comum e hoje tem aprovação da ANVISA para uso emergencial e do FDA (órgão regulador americano).

Porém, a OMS recomenda a vacinação de maneira preventiva para pessoas que podem ter sido expostas, aquelas que tiveram contato com casos confirmados, de preferência dentro de quatro dias após a exposição para prevenir o aparecimento da doença. Também pode ser destinada aos profissionais da saúde na linha de frente. Isso significa que, a princípio, não será destinada a toda a população.

O esquema vacinal é de duas doses, a serem administradas com quatro semanas de intervalo, para maiores de 18 anos.

Prevenção

Use máscara em locais fechados e com aglomeração em regiões com alta de casos;

Sempre carregue álcool em gel para a devida higienização das mãos;

No caso de contato íntimo, usar preservativo.

A transmissão por meio de gotículas, costuma ser por meio de contato prolongado entre o paciente infectado e outras pessoas, o que torna trabalhadores da saúde, familiares e parceiros íntimos, com maior risco de infecção.

Proteja-se.

Dra. Luana Meneghello

Dermatologista SBD