A psoríase é uma doença inflamatória de base imunológica, que pode causar lesões discretas na pele ou se apresentar de forma mais grave, com lesões extensas, além do comprometimento das articulações.
Na pele, as lesões são caracterizadas por placas avermelhadas, espessas e com descamação, que podem surgir em qualquer local do corpo. Seus sintomas podem desaparecer e reaparecer, periodicamente.
Apesar de não conhecermos sua causa exata, sabemos que existem alguns fatores de gatilho para o surgimento das lesões, como fatores ambientais e suscetibilidade genética.
Um ponto muito importante de destacar é que a psoríase NÃO é contagiosa. A aparência das lesões muitas vezes causa até preconceito, afetando a vida pessoal e profissional de muitos portadores. A autoestima acaba sendo abalada, afetando também a qualidade de vida e a saúde mental.
Atualmente, devo destacar que situações de estresse, ansiedade e depressão, por exemplo, são condições mentais que impactam diretamente no sistema imunológico, deixando o organismo mais vulnerável e suscetível a doenças, inclusive a piora e/ou surgimento da psoríase.
A seguir, explicarei com maior profundidade essa condição, tão complexa. Mas já reforço aqui que, a psoríase, apesar de não ter cura, tem tratamento, com novas descobertas e opções a cada ano. É fundamental acompanhar com frequência e seguir as recomendações médicas.
Cuidar da saúde mental e equilibrar a dieta incluindo alimentos ricos em antioxidantes também é uma forma de se cuidar, para que os sintomas não se manifestem com muita intensidade.
PRINCIPAIS TIPOS DE PSORÍASE E SUAS CARACTERÍSTICAS
Psoríase em placas ou vulgar: esse é o tipo mais comum, corresponde a cerca de 85% dos casos. As placas são avermelhadas, com escamas esbranquiçadas ou prateadas, que podem coçar. Pode atingir qualquer área do corpo, embora seja mais comum no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.
Psoríase invertida: atinge regiões de dobras da pele, como axilas, virilha e a região abaixo da mama. Produz lesões avermelhadas, mas sem escamas.
Psoríase gutata: consiste em pequenas, porém numerosas, lesões arredondadas avermelhadas e descamativas, predominantemente no tronco.
Psoríase pustulosa palmoplantar: caracterizada pelo aparecimento de pústulas (pequenas bolha de pus) não infecciosas, geralmente nas palmas e plantas. Nos casos mais graves podemos ter febre associada.
Psoríase ungueal: atinge as unhas das mãos e/ou pés, gerando descamação, descolamento, manchas ou irregularidades na superfície das unhas.
Artrite psoriásica: atinge as articulações. Ocorre entre 10-30% dos pacientes com psoríase, podendo se apresentar como artrites, entesites (tipo específico de tendinite) ou dores articulares que são piores pela manhã. A manifestação nas unhas pode ser um indicador para o futuro acometimento articular.
Psoríase eritrodérmica: é o tipo menos comum. Causa uma vermelhidão generalizada na pele, atingindo pacientes com psoríase que tenham sofrido alguma agressão cutânea ou devido à interrupção de medicamentos, como corticoides. Infecções ou falta de tratamento de outros tipos de psoríase também podem ser as causas.
LOCAIS MAIS COMUNS
Cada organismo é único e as lesões podem variar não só de local, mas também de tamanho e características. Algumas descamam mais ou são mais vermelhas, podem coçar ou não.
É POSSÍVEL SABER SE A SUA PSORÍASE É GRAVE?
Infelizmente, não existe um exame simples que nos responda essa pergunta.
Uma das opções para saber se o tratamento está dando certo é acompanhar a forma como a doença está impactando na qualidade de vida de cada paciente.
Para ajudar na avaliação, foram criados alguns outros métodos de análises mais específicos. Um deles é o chamado PASI – Psoriasis Area Severity Index, ou seja, é o índice de gravidade da psoríase por área.
Este método divide o corpo em 4 regiões e classifica as lesões conforme 3 caracaterísticas. Além disso, cada um destes itens pode pontuar de 0 a 4, desde pouco até muito grave.
Assim, durante a avaliação, o dermatologista pode acompanhar se houve melhora ou piora em cada região, chegando a um score total.
Por isso, o acompanhamento de rotina é tão importante. Avaliar o paciente sob aspecto emocional e físico com o auxílio de testes, nos ajuda a adequar o tratamento e buscar uma melhor opção.
Condições associadas à Psoríase
A psoríase não é só uma condição da pele como muitos pensam. Na verdade, ela afeta e é afetada de várias formas, inclusive no viés emocional.
Além disso, cerca de 70% dos portadores apresentam alguma comorbidade, ou seja, doenças simultâneas, que podem causar ou serem causadas pela psoríase.
Confira abaixo as mais comuns:
- Obesidade;
- Doença inflamatória intestinal;
- Uveíte;
- Hipertensão Arterial Sistêmica;
- Dislipidemia;
- Diabetes Mellitus;
- Doença cardiovascular;
- Estresse e ansiedade;
- Depressão.
Existem ainda estudos recentes que apresentam uma relação da psoríase com osteoporose, osteopenia, doença pulmonar obstrutiva crônica e apneia obstrutiva do sono.
3 CUIDADOS PARA O DIA A DIA
No banho: deve ser rápido e com água morna. Já o sabonete deve ser neutro e com propriedades hidratantes. Não use buchas para evitar o rompimento da pele. Tome cuidado ao se secar, principalmente nas áreas lesionadas, utilize uma toalha bem macia.
Abuse da hidratação! Aproveite o pós-banho, quando a pele ainda está úmida, para passar o hidratante. Dê preferência aos hidratantes sem muito perfume ou cor, para minimizar a possibilidade de alergia.
Atenção na hora de se vestir. Opte por roupas de algodão, que deixam a pele respirar normalmente, e que tenham uma boa ventilação. Ou seja, roupas confortáveis que não limitem os seus movimentos.
TRATAMENTOS
Hoje, já temos disponíveis diferentes tratamentos para a psoríase, sendo possível adaptar a melhor opção ao quadro de cada paciente.
Os principais são:
- Corticosteroides tópicos de forma isolada ou em associação com outras substâncias. Essa é a base da pirâmide de tratamento e muitos pacientes respondem bem já nessa etapa.
- Fototerapia – visa induzir a regressão e melhorar as lesões através da exposição controlada a radiação ultravioleta.
- Medicamentos modificadores do curso de doença (MMCD), como o Metotrexato (MTX).
- Terapias biológicas – são terapias-alvo, voltadas aos pacientes com psoríase de moderada à grave (cerca de 20% dos pacientes).
Nos últimos 5 anos, tivemos um salto em opções de medicamentos biológicos aprovados para a psoríase no Brasil. Menciono os últimos lançados por aqui, da classe terapêutica das anti-interleucinas (17 e 23 e 12/23):
- Cosentyx®️ (Secuquinumabe);
- Skyrizi®️(Risanquizumabe);
- Taltz®️(Ixequizumabe);
- Tremfya®️ (Guselkumabe);
- Stelara®️ (Ustequinumabe).
Todos são apresentados em forma de caneta injetável (uso subcutâneo).
Lembrando que, o tratamento vai depender do tipo, do local atingido e da gravidade de cada quadro. Na consulta, determinamos juntos o protocolo a ser adotado.
É uma longa caminhada até obter o seu controle. O mais importante aqui é a persistência. Continue o acompanhamento, tenha hábitos saudáveis e cuide da sua saúde mental.
Conte comigo e vamos tratar a psoríase!
Dra. Luana Meneghello
Dermatologista SBD